terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Sabiá

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Para o meu lugar
Foi lá e é ainda lá
Que eu hei de ouvir
Cantar uma Sabiá...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Vou deitar à sombra
De uma palmeira que já não há
Colher a flor que já não dá
E algum amor
Talvez possa espantar
As noites que eu não queria
E anunciar o dia...

Vou voltar!
Sei que ainda vou voltar
Não vai ser em vão
Que fiz tantos planos
De me enganar
Como fiz enganos
De me encontrar
Como fiz estradas
De me perder
Fiz de tudo e nada
De te esquecer...

Chico Buarque & Tom Jobim

A letra de Sabiá é inteiramente de Chico Buarque, embora Tom Jobim tenha achado que a composição pedia mais algum verso e que estava muito pequena, repetindo de forma insuficiente alguns trechos e, por isso, produziu um pedaço da letra, mas ela sumiu depois. Chico Buarque, em uma entrevista, declarou que o trecho com a letra de Tom Jobim chegou a ser gravado, e era algo como "Que a nova vida já vai chegar" e/ou "que a solidão vai se acabar".

Mas essa não foi a única discórdia entre Chico e Tom para compor Sábia: quando Chico apresentou a letra a Tom, esse não gostou do nome no feminino e, segundo Chico, protestou:

"É bom 'uma sabiá' ", ele falava, "porque é linguagem de caçador... caçador não fala 'um sabiá', fala 'uma sabiá', 'uma gambá'..."

Fato é que, uma canção de tamanha magnitude não haveria de ficar no anonimato e em 29 de setembro de 1968, a música foi apresentada no Maracanãzinho durante o III Festival Internacional da Canção e ficou com o primeiro lugar no Festiva. Segundo um repórter da Folha de São Paulo, "era a mais sonora já acontecida em toda a história dos festivais de música popular".

Eu particularmente acho sabiá uma das mais lindas canções da história músical desse país.



Por Egon

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